terça-feira, 17 de maio de 2011

A Cartomante-Reescrita


No dia vinte de dezembro de 2010, o retorno de Jorge Augusto à pequena cidade do Norte do Rio Grande do Sul, Tio Hugo, torna-se o assunto comentado por todos. Jorge Augusto havia partido para os Estados Unidos fazia cinco anos, para formar-se em Administração de Empresas. Agora o retorno era inadiável, pois seu pai, dono da maior empresa da cidade, estava impossibilitado. Jorge Augusto voltava à Tio Hugo para assumir os negócios da família, nos primeiros dias do novo ano. Após longa viagem de avião até a capital gaúcha, o rapaz segue para a cidade de origem, de ônibus; Sua chegada à Rodoviária Rota do Sul era esperada com ansiedade pela família e pelo seu amigo de infância, Otávio, ao qual prometeu amizade eterna. Cinco anos de saudade e distância fizeram com que todos chorassem de emoção, no reencontro.
Foram dias de festejos, alegrias e confidências entre os amigos. Jorge Augusto não gostou de saber que o amigo iria se casar, pois queria aproveitar o tempo perdido, para fazerem festas, quantas festas já fizeram juntos antes..."Baile de Kerp em Poligono do Erval, Baile do Lambari na Linha Machado, Baile do Chopp no Nunca Pensei, Festa na comunidasde da Barragem e na Comunidade do Loro e muitas outras..."mas sem a companhia de Otávio não teria graça. Mas quiserá o destino que seus anseios e desejos seguissem por outros caminhos...
No último dia de 2010 reuniram-se as duas famílias amigas na casa de Jorge Augusto. Otávio, moço bonito, de posses, granjeiro forte, chegou acompanhado pela noiva Bibiana. Apresentou-a ao amigo que ficou tonto com tanta beleza e a noite toda teve que fazer um grande esforço para não ser notado apreciando a beleza da moça. Pensava:" Deve ser pecado desejar a mulher do amigo...Meu Deus o que faço?
O casal estava com o casamento marcado para o próximo dia vinte e um, tudo pronto, aproveitaram para convidar Jorge Augusto para ser padrinho dos dois. Qual foi seu susto! Não poderia confessar seu amor, pois faria seu amigo sofrer.
Os dias se passaram e Bibiana esteve dias envolvida com os preparativos, estando em casa controlando tudo por telefone e msn. Enquanto que, Jorge Augusto sofria por não ver a amada.
Chegou o grande dia. no altar noivo e padrinhos a espera da noiva. Jorge Augusto entre eles, com o coração acelerado, em pedaços. Se perguntava, como iria aguentar tanta dor e ao mesmo tempo tanto amor? Durante a festa fez um grande esforço para não ser notado admirando a beleza da noiva. Ao término da festa, Jorge Augusto foi se despedir dos noivos, abraçou a noiva e a entregou um papel bem amassadinho,as escondidas,que tinha seu número de telefone e uma declaração de amor.
A vida do moço apaixonado, seguia com sofrimento e saudade. Sozinho em com seus pensamentos ele analisava o que sentia e buscava uma resposta para suas angustias a respeito de um amor que a seu ver era impossível. Não encontrava respostas.
Bibiana e Otávio voltaram da lua de mel, felizes. Os dias seguiram normalmente, a vida tomou seu rumo...Porém a recém casada foi proibida de trabalhar, pelo marido alegando que agora era rica e não necessitava trabalhar fora. Sem reação a moça ficou em sua casa, levando uma vida medíocre e sem novidade. A rotina foi tomando conta de seus dias... Numa tarde Bibiana pegou um livro para ler, quando encontrou o bilhete de Jorge Augusto. Seu coração bateu forte, não poderia levar a vida naquela mesmice, seu marido trabalhava muito e ela sempre sozinha... Pegou o telefone e ligou para o amigo do marido. Após esse dia sua vida mudou, ela mudou...
A partir desse dia os telefonemas e mensagens por email, foram diárias; os encontros frequentes.
O amor entre os dois era imenso, não dava mais para controlar, não era possível esconder, porém contar ao marido poderia causar uma tragédia.
Vendo-se sem saída, resolveu procurar uma Cartomante. Dona Diná era muito famosa por suas advinhações e magias. Vinham pessoas de todos os lugares, pois na Região Norte do Rio Grande do Sul era muito requisitada por pessoas que sofriam de mal de amor e problemas de finança.
Comentou com Jorge Augusto a sua ida a Cartomante Diná. Ele incrédulo, riu dela ter procurado conselho com uma Cartomante.
_Os homens não acreditam mesmo nessas coisas.
_Mas saiba que ela falou só a verdade, aliviou minhas angustias e disse que ficaremos sempre juntos, lado a lado.
Ele tornou a riu e a abraçou dizendo que não precisava de Cartomante para saber que a amava e nunca a deixaria.
O tempo passou e os encontros tornaram-se cada vez mais frequentes. Ela passava muito tempo no computador, não via a hora de o marido sair para trabalhar. Otávio tinha muitos compromissos monitorando as propriedades e os funcionários que trabalhavam para ele. Tempo para a esposa, só aos domingos. E em alguns tinha o futebol com os amigos.
Depois de meses, Jorge Augusto notou que o amigo estava diferente, nervoso, desconfiado. Mas pensou que poderiam ser os compromissos.
Numa manhã bem cedinho, ao entrar no escritório, em sua mesa uma carta anônima, escrita com letras de revista formando frases com ameaça: "Você é um traidor, vai ter o troco!" Ficou tremendo...sem saber o que fazer.
No encontro daquela tarde, contou tudo a Bibiana que não acreditou ser o marido o autor das ameaças. Eles faziam tudo tão escondido. Jorge Augusto pediu que ela desse o endereço de Diná para que ele tirasse suas dúvidas e angústias... Ela temendo por sua segurança, resolveu ir com ele, pois o local era distante e perigoso.
Bateram na porta, e logo apareceu uma mulher estranha, aparentando cinquenta anos que ao reconhecer Bibiana, mandou que entrassem. O dois sentaram-se lado a lado, a mulher espalhou as cartas pela mesa e pediu que cada um retirasse duas. Olhou-os com fisionomia desconfiada, eu já lhe disse moça em outra ocasião, vocês ficarão unidos para sempre, lado a lado. O amor de vocês será eterno. Os dois sairam dali aliviados e cada um seguiu para sua casa.
No dia seguinte, novamente uma carta anônima dizendo que os dias de romance dos dois estava contado, dizia também que ele era um traidor, um leviano, um infeliz... Não aguentava essa cituação, sofria por amor e por não saber quem o chantageava.
Resolveram espaçar os encontros para que as desconfianças não aumentassem.
Era mês de agosto, tudo parecia mistério. O sol, naquela manhã saíra sem vontade. "Que dia triste. "Pensou Jorge Augusto. Seu coração amanheceu apertado, parecia prever algo... Não conseguia fazer nada, as horas não passavam, não conseguiu contato com Bibiana. O telefone não atendia... as mensagens não eram retornadas. Tudo conspirava contra ele.
Eram 15 horas quando a secretária, anunciou Otávio, seu amigo, ao telefone. Ficou em sobressalto, mas atendeu. O amigo pareceu tão amigável e cordial. Convidou-o para um jantar para relembrarem os tempos bons, que agora por falta de tempo estavam deixando para trás. Largou o telefone feliz, o que tinha passado durante o dia era pura fantasia de sua cabeça. Riu sozinho com ar irônico "talvez seja a consciência pesada"...
Chegada a hora do jantar saiu de casa todo elegante e cheiroso, olhou se no espelho, passou a mão nos cabelos e saiu cantarolando feliz, porém o coração teimava em doer...
Chegou em frente a casa do amigo, estacionou o carro e encaminhou-se devagar à porta. Antes que batesse, Otávio abriu-a, com cara de poucos amigos, inrritado. Jorge Augusto não entendeu, pois no telefone pareceu tão cordial, e agora se mostrava outra pessoa. O silêncio da casa o intrigou, passou um frio pela espinha até os pés. Otávio ordenou, asperamente, que entrasse. Ao adentrar à sala, lá estava Bibiana, imòvel e a seu lado uma enorme possa de sangue.
Correu até a amada e implorou pela sua vida, mas nada mais poderia fazer... Bibiana sua amada morreu por amor e ele estava ali, sem saber o que fazer... numa cilada.
Virou-se para Otávio que apontou o revólver para Jorge Augusto, chamando-o de traidor, matou-o a queima roupa com dois tiros.
Naquele momento realizou-se a professia da cartomante. Os dois corpos ali, inertes, mortos. Assim ficariam juntos lado a lado mesmo após a morte.


Após dias sem notícia de Bibiana e Jorge Augusto, os familiares chamaram a polícia que vasculhou a região. Encontraram os corpos escondidos no quintal da casa de Otávio, ele não fugiu, entregou-se confessando que matou por amor.Otávio paga pelo crime, na cadeia de Passo Fundo e os amantes forram enterrados, juntos, lado a lado.


O crime chocou a cidade, que chora por duas pessoas tão queridas no local. O amor os levou, juntos, seguiram lado a lado...

5 comentários:

  1. Gurias! Estou adorando, quero ver logo como será o final. Bjos! Clarinha

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  2. A partir do conto "A Cartomante", na qual é escrito numa linguagem da época, reescrevemos um novo texto utilizando linguagens e fatos da atualidade e da região na qual estamos inseridos. Percebemos que este tipo de trabalho pode ser feito em sala de aula com diversos textos, utilizando a criatividade e os conhecimentos dos nossos alunos. Em uma atividade deste gênero, é possível fazer uma análise de fatos adaptando-os a outra realidade.

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  3. Ao produzir o conto "A Cartomante" Machado de Assis usa intertextualizações literarias e o recurso da narrativa onisciente,para dinamizar o relato da história, acentuando os momentos dramáticos do conto.O autor usa esse recurso que eleva e prolonga o suspense da narrativa, mantendo o leitor atento aos fatos até o final da história.
    Ao fazermos a releitura do conto usamos os mesmos critérios, porém com fatos, acontecimentos e personagens que representassem o cotidiano vivenciados por nós.Além disso, foi possível verificar uma dinâmica interessante e criativa para trabalharmos em sala de aula, usando diferentes textos.

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  4. A intertextualidade provoca no leitor um gosto especial,pois possibilita a adaptação com a realidade em intercâmbio com a cultura local.Quando o gênero literário envolve o leitor,traz ele para o contexto aguça um prazer que o estimula a ler.Ao reescrevermos o conto:Acartomante,descobrimos que podemos sim reescrever algo emocionante e prazeroso.Utilizando uma linguagem local e ao mesmo tempo dramática desafia o leitor,que por hora se envolve num estado de suspense e não vê o momento de ler o desfecho da história.E isto oportuniza na sala de aula uma oportunidade rica de relatos e acontecimentos reais da sociedade como um todo.

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  5. A ocorrer à produção do conto “A Cartomante” do Autor Machado de Assis, na qual é escrita em uma linguagem da época, e reescrevemos um novo texto com a adaptação e utilização de linguagens e cultura local de nossa região e coma realidade. Podemos perceber que estes tipos de trabalho também podem fazer com os alunos, para eles reescreverem o texto proposto com a utilização de novas experiências e isso possibilita a criatividade e o conhecimento dos alunos. E com o gênero literário envolve o leitor, e possibilita mais o prazer pela leitura, pois esta envolvendo a realidade.

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